quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Autopsicografia-Fernando Pessoa

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.

Fonte:www.fisica.ufpb.br

2 comentários:

  1. Admiro o modo como Fernando Pessoa se identifica como poeta, principalmente por sua sinceridade.

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  2. Interessante perceber o que o poeta finge e o que o leitor do poema sente.
    Procure se perceber no poema.
    Um abraço!

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